“Todo conhecimento começa num sonho.O conhecimento nada mais é quea aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada.Mas sonhar é coisa que não ensina.Brota das profundezas da terra.Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa:Conte-me seus sonhos para que sonhemos juntos”.
(Rubem Alves)

19.4.10

A ASTRONOMIA DOS ÍNDIOS BRASILEIROS

Hoje é dia do Índio... nada mais importante do que falar da rica e milenar ligação da cultura indígena com os astros.
Há cerca de quatro mil anos e sem tecnologias complexas, os primeiros habitantes do solo brasileiro já identificavam no céu as estações do ano. Dependendo da posição das estrelas e da fase da lua, nossos ancestrais também pescavam, plantavam, colhiam e orientavam seus ritos religiosos.
A relação dos índios com os corpos celestes é descrita nos estudos científicos como uma complexa rede de conhecimentos onde não existe uma oposição entre céu e terra, entre naturezas e culturas. Céus povoando terras e terras povoando céus. Astros como morada de deuses, mitos e animais: Queixada do jacaré, Canoa do Sol, Sombra da Lua, O homem velho, Caminho da anta, Cobra Grande, Ema, Onça... Constelações que medem e prevêem o tempo, guiam caminhos, marcam estações do ano, regem calendários, orientam pesca, plantação, coleta e participam de rituais religiosos. Conhecimentos práticos que passam de geração a geração por relatos míticos e que garantem a sobrevivência dos povos.

CÓPIA IMPERFEITA DO FIRMAMENTO
As atividades das tribos indígenas guiam-se, geralmente, por dois tipos principais de constelações: aquelas relacionadas ao clima, fauna e à flora do lugar, conhecidas por toda a comunidade; e outras relacionadas aos espíritos indígenas, mais difíceis de visualizar e conhecidas, normalmente, apenas pelos pajés. Para agrupar os astros, utilizam elementos de seu próprio cotidiano. Para os pajés, nosso mundo nada mais é do que uma cópia imperfeita do céu. Assim, cada animal terrestre tem seu correspondente celeste. Isso explica o enorme número de constelações utilizadas (+ de 100), formadas não só por grupos de estrelas, mas também por manchas escuras e nebulosas que compõem o céu.

MORADA DOS DEUSES
Na estrada esbranquiçada da Via Láctea, tribos encontram o principal ponto de referência para as medições celestes. Chamam-na "Caminho da Anta", devido à posição das constelações que a formam. A região recebe o nome de Morada dos Deuses.

NO CAMINHO DAS ESTRELA

Algumas das principais constelações indígenas
 
EMA
Quando surge ao leste no anoitecer, na segunda quinzena de junho, a Ema indica o início do inverno para os índios do sul do Brasil e o começo da estação seca para os do norte. É limitada pela constelação de Escorpião e pelo Cruzeiro do Sul ou Curuxu, que, segundo o mito guarani, segura a cabeça da ave, garantindo a vida na Terra - caso ela se solte, beberá toda a água do nosso planeta. Os tupis-guaranis utilizam o Curuxu para determinar os pontos cardeais, assim como a duração das noites e as estações do ano.
O HOMEM VELHO
Conta o mito guarani que havia um homem casado com uma mulher muito mais jovem do que ele. A esposa ficou interessada pelo cunhado e, para mudar de par, matou o marido, cortando- he antes a perna na altura do joelho direito. Os deuses, penalizados, transformaram o homem em constelação. Na segunda quinzena de dezembro o Homem Velho surge ao leste. Assinala o início do verão para os índios do sul e o começo das chuvas para os do norte.

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